O que faz de um fotógrafo especial?
O que faz das fotos dele diferentes?
O que leva as pessoas a contratarem um fotógrafo e não fazerem as fotos com o celular? (afinal, tem cada câmera de celular que dá gosto de ver!)
Basicamente o que diferencia nós, fotógrafos, do sobrinho com um celular bom é o nosso olhar!
Buscamos a expertise técnica para conseguirmos traduzir sentimentos em fotos, momentos em lembranças... E só conseguimos fazer isso através de uma base bem sólida de técnica aliada à inteligência emocional.
Falar de inteligência emocional está além do proposto pro texto aqui, então vou me ater só a parte técnica.
Para mim, não importa como a técnica é adquirida, se em vídeos do Youtube, leitura ou através de cursos/especializações/Workshops, mas a grande questão é como (e se) o fotógrafo consegue utilizar tudo que viu/ouviu sobre técnicas, aplicando-as para construir fotos que valham à pena.
Aos curiosos que chegaram até aqui, queria trazer uma reflexão pra vocês: quando construímos um ensaio fotográfico de casal, por exemplo, saímos de lá com cerca de 1500 cliques nas câmeras, são entregues aos casais de 10% a 20% disso, o restante são tentativas de alinhar a melhor técnica, com o melhor momento e a melhor expressão de cada casal.
Agora imaginem um outro detalhe: em cada clique que damos (aqueles “cerca de 1500”), buscamos em nossa cabeça cerca de 25 elementos formais de composição fotográfica, estimulamos o casal de noivos ou de namorados à se conectarem de forma verdadeira, buscamos as melhores expressões e os momentos mais genuínos. Isso tudo em “apenas” 1 clique.
Vou usar a foto mais simples que pude me lembrar no momento dessa postagem, pra exemplificar como funciona a cabeça de um fotógrafo durante um ensaio pré-wedding.
Eis a foto:
“Nada demais”, não é? Um bom momento, um sorriso verdadeiro, uma caminhada juntos (que talvez simbolize muito, dependendo do que você acredita), etc...
Pois bem, eu olho pra essa imagem e sei alguns detalhes nela que quero melhorar para um próximo clique, porém vou relembrar as escolhas técnicas formais que fiz no momento do clique:
1º elemento observado: cores
As cores das roupas e do ambiente estão harmonizadas, ao estudar as cores observamos que falta apenas o azul para compor uma tríade (porém na edição trouxe uma tonalidade azulada para os tons claros da imagem)
2º elemento observado: formas geométricas
Na natureza raramente temos formas geométricas compostas por retas de forma verdadeira. Em geral a construção das formas se dá em nossa mente, através de um princípio estudado pela Gestalt de que o inteiro é interpretado de maneira diferente que a soma de suas partes. Pois bem, você tinha visto esses triângulos antes de eu marcar eles nas fotos?
3º elemento observado: a famosa regra dos terços
A regra dos terços diz que quando os elementos principais da imagem estão enquadrados em pelo menos um dos terços da imagem, ela ganha "peso", o que melhora a compreensão da cena.
Há uma série de “poréns” nessa regra, mas neste caso, ela foi utilizada em conjunto com outros elementos, o que de fato trouxe maior “peso” para a foto.
4º elemento observado: espaço negativo
Em menos evidência nessa foto, mas ainda assim presente, está o espaço negativo. Ele comumente utilizado em conjunto com a regra dos terços, neste caso busquei deixar livre todo o terço superior da imagem, trazendo amplitude e sensação de imersão pra cena.
Agora veja uma sobreposição dos aspectos observados nessa simples foto:
Isso é apenas uma parte do que vemos quando fotografamos, não falei de luz, momento, direção, e outros elementos de composição que se enquadrariam nessa imagem.
Se quiser conferir o ensaio em que fizemos essa foto: clique aqui.
Gostou do texto? É fotógrafo e gostaria de falar mais algum elemento de composição empregado nessa foto e que não ressaltei? Deixa aqui em baixo um comentário: